Sonhos
E virá um tempo em que sonharemos, não tão simplesmente assim, de viagens a olhos fechados, não, exalaremos sonhos pelos poros e eles transbordarão nossa pele afora.
Em nosso redor, a nossos pés se formam poças de sonhos e sustentamos o caminhar entre eles, por vezes cansativo, de empurrar para os lados pesadelos com as canelas; outras vezes prazenteiro e leve, de encantos que sobem joelho acima.Deixamos para trás um rastro de visões, um caminho ímpar de desejos, uma trilha sinuosa que desvia da ameaça eminente pronta a desvanecer qualquer sonhado.
Em seu entorno, montanhas povoadas de pedregulhos a ponto de rolar, soterrando paixões e devaneios. Vemos, a medida que fazemos o caminho, cada vez mais longe o início, o ponto de encontro, o começo de tudo. À frente, por mais que elevemos a mão em aba - o sol do futuro ofusca -, nada é possível divisar, além de uma estrada cujo fim é mais distante que o limite da visão.
E buscamos a criança em nós, tal qual personagens da história infantil, tentamos voltar, refazer o caminho desenhado em migalhas do pão dos nossos sonhos. Vã tentativa, dele nada resta exceto as pegadas dos pássaros e os ninhos construídos de sonho na floresta das árvores do tempo.
E virá um tempo em que olharemos em frente, não tão simplesmente assim, olhar de olhos abertos, não, projetaremos adiante todo nosso desejo e sonharemos novos sonhos, embora repintados das cores do que sempre foi sonhado.