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Um clube oitentão: conheça a história do Clube de Xadrez de Curitiba

Um clube oitentão: conheça a história do Clube de Xadrez de Curitiba

Aarao
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Comemorando oito décadas, grupo esportivo faz aniversário com torneio este mês com desafio de atrair mais jogadoras mulheres

Um senhor que completa 80 anos neste mês de janeiro de 2018 escreve sua história em Curitiba. Vivendo na Rua XV de Novembro, perto da Praça Tiradentes, ostenta em uma de suas salas diversas fotos e troféus que contam um pouco de sua trajetória.

Ele é conhecido de figuras ilustres da política e economia curitibana e até por um general do exército que foi um dos mais importantes do Paraná: este senhor é o Clube de Xadrez de Curitiba, que completará oito décadas de vida no próximo dia 28 de janeiro.

Fundado por uma parte da elite curitibana que era apaixonada por xadrez, a primeira moradia da instituição encontrava-se na Rua Presidente Faria, em frente ao antigo prédio dos Correios. Em 1952, após investimentos dos sócios, o clube foi transferido para a atual sede, na XV.

Com um andar repleto de histórias de estratégias de jogo e de personalidades, o local foi o berço de grandes enxadristas paranaenses. As salas do clube ficavam lotadas de jogadores e havia até fila de espera para disputar uma partida, conforme conta o atual presidente da instituição, Acyr Rogério Calçado. “O crescimento do clube em seu início e do xadrez na cidade foi influenciado pela chegada de imigrantes europeus vindos ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial”.

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Cada peça dos tabuleiros presentes nas salas da instituição poderia contar uma história diferente de um jogador que se destacou, ou de uma personalidade que tenha passado pelo clube, o que mostra que o crescimento do xadrez na capital não foi pouco.

Nomes ilustres

Da cidade, conforme conta o presidente, saíram alguns jogadores que se destacaram inclusive internacionalmente. Entre eles, Jaime Sunye Neto, que participou e saiu vitoriosos em diversos torneios nacionais e internacionais e chegou a ser presidente da Confederação Brasileira de Xadrez.

Pelo local também passaram figuras importantes do século 20 na história da cidade. Entre eles o empresário Hermes Macedo, dono de uma das mais conhecidas redes de varejo da capital, as lojas HM. O nome de Macedo consta na placa que fica logo na entrada do clube, junto com outras personalidades, como Riad Salamuni, que foi reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos mais importantes geólogos paranaenses.  Ambos foram diretores no local.

Também participaram do clube personalidades da política, como Ernani Santiago de Oliveira, que foi prefeito da cidade em duas curtas ocasiões (nos anos de 1951 e 1954), além do general do Exército Ayrton Pereira Tourinho, único general quatro estrelas do Paraná.

Um dos fatos curiosos que permeiam a história e a participação de personalidades do xadrez curitibano remete ao período em que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial. O alemão Otto Mack chegou a ser impedido de disputar torneios no país por causa do momento político – o país lutava contra a Alemanha no conflito. Atualmente, o alemão dá nome a uma das salas do local.

Outra dessas salas, que comporta troféus conquistados pelos competidores, têm fotos com vários desses nomes que escreveram sua história no clube.

Cultura forte em Curitiba

Na opinião do presidente, o xadrez ainda é considerado uma atividade tradicional na capital paranaense. Além do Clube de Xadrez de Curitiba, que é o mais antigo, outros clubes e grupos se reúnem em diferentes pontos da cidade. A Biblioteca Pública do Paraná é um deles, além da UFPR e do Clube de Xadrez Erbo Stenzel, que fica no Largo da Ordem.

Na cidade, todo ano acontece um circuito de xadrez escolar, que envolve alunos das escolas municipais.

“O pessoal que quer evoluir no ponto de vista competitivo vem dos outros clubes para se aperfeiçoar aqui”, afirma.

Apesar de ter nascido para fins de lazer, a instituição hoje revela-se como um espaço de disseminação cultural do esporte. Além dos torneios, que são as principais atividades promovidas, os membros realizam palestras e leituras temáticas de livros sobre o esporte, o que ajuda os apaixonados por xadrez a melhorarem suas técnicas e habilidades em competições.

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Mesmo sendo um clube, não há restrição de entrada. Quem quiser conhecer um pouco da história do esporte na capital, se aperfeiçoar na prática ou ter contato com jogadores experientes, basta comparecer a sede. “O espaço é aberto para atividades com não sócios e, mesmo incentivando as pessoas a se associarem, não exigimos isso para que as pessoas frequentem o clube”, diz Calçado.

Participação de mulheres

Apesar de ser vista como uma atividade com muito mais praticantes homens, as mulheres também tem espaço – e incentivo – para frequentarem o local (enquanto os sócios pagam R$ 50 por mês para contribuir com o espaço, as mulheres podem se tornar sócias com o pagamento de metade do preço). “Podemos dizer que 90% do clube ainda é masculino, mas, se compararmos com o que era há 30 anos atrás, isso está mudando”, frisa o presidente.

Ele usa como exemplo o torneio internacional em comemoração aos 80 anos, que acontece a partir de terça-feira (23). Dos cerca de 100 participantes que devem comparecer, entre 10 e 15 serão mulheres.

Segundo o presidente do clube, por convenção internacional, as competições são separadas entre homens e mulheres. Isso, entretanto, não impede que elas frequentem o clube e realizem treinamentos com os jogadores para disputar as competições.

Torneio comemorativo

Um dos principais torneios do ano promovido pelo Clube de Xadrez de Curitiba será o Aberto do Brasil 80 anos do Clube de Xadrez de Curitiba. Com previsão de cerca de 100 participantes, o torneio terá nível internacional e ocorrerá entre os dias 23 e 25 de fevereiro, na sede do clube (Rua XV de Novembro, 266, 9° andar). Para mais informações, basta acessar o site da instituição.

 

 

Fonte: Gazeta do Povo
Link: http://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/comportamento/um-clube-oitentao-conheca-a-historia-do-clube-de-xadrez-de-curitiba/