Parasite in Love
SEMANA LITERÁRIA - DIA 1
semana dedicada a compartilhar leituras recentes que me chamaram atenção, seja por terem uma boa história ou simplesmente por terem me surpreendido de alguma forma, neste caso foi ambos, uma leitura que eu não esperava nada mas que se mostrou muito mais do que as aparências mostravam.
Obra: Parasite in Love
“Parasite in Love” é uma obra que costura romance, psicologia e fantasia para explorar um tema profundamente humano: as relações que se constroem — e às vezes se distorcem — a partir da solidão. A história acompanha personagens marcados por traumas, ansiedades e distúrbios que os isolam do mundo, tornando-os presas fáceis para vínculos assimétricos, dependentes, quase parasitários. Porém, o grande mérito da obra é mostrar que, mesmo nesse terreno emocional contaminado, ainda pode germinar algo tão inesperado quanto o amor.

Os chamados relacionamentos parasitas surgem quando uma das partes depende da outra para sobreviver emocionalmente, enquanto a reciprocidade se desequilibra. Não há troca saudável, mas sim um apego que nasce do medo, da carência ou da incapacidade de enfrentar o mundo sozinho. Em Parasite in Love, isso é representado tanto literal quanto metaforicamente: o “parasita” que invade o corpo de um personagem reflete de forma simbólica as forças invisíveis que corroem nossas fronteiras internas e moldam nossos comportamentos.

No entanto, a obra não se limita a retratar o lado tóxico das relações. Ela também revela como o amor pode surgir das formas mais improváveis, até mesmo entre pessoas quebradas, isoladas ou afetadas por forças que não compreendem. O encontro entre dois seres fragmentados abre espaço para uma conexão que, ainda que nascida do caos, oferece a chance de cura. Amor e parasitismo se confundem, mas também se transformam: aquilo que parecia um vínculo de dependência pode evoluir para uma relação de cuidado, compreensão e coragem.
“Parasite in Love” nos lembra que o amor não escolhe o terreno onde brota. Às vezes ele nasce em ambientes sombrios, em meio ao medo, à vulnerabilidade e ao desespero — e, justamente por isso, pode ser ainda mais poderoso. A obra questiona a ideia de que o amor precisa sempre de circunstâncias perfeitas: ao contrário, ele frequentemente emerge onde menos esperamos, unindo pessoas que carregam feridas profundas e oferecendo, mesmo que momentaneamente, uma forma de libertação.

No fim, a narrativa se torna uma reflexão sobre como os seres humanos, tal como os personagens, vivem entre a necessidade de se conectar e o temor de serem consumidos por essas conexões. E mostra que, mesmo quando o vínculo parece nascer de algo parasitário, existe a possibilidade de transformá-lo em algo genuíno. Porque, em todas as suas formas — puras, distorcidas ou inesperadas — o amor continua sendo uma força capaz de romper fronteiras, reconstruir identidades e iluminar até os espaços mais escuros da alma.
