Manual Lasker - Aberturas #3

Manual Lasker - Aberturas #3

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Olá amigos, segue a terceira parte de minha tradução livre da parte em que o 2º Campeão Mundial, Emanuel Lasker, fala das aberturas. Se estão gostando dessa série de traduções, compartilhem com os amigos e deixem seus comentários. Nos próximos posts, trago mais das ideias introdutórias às aberturas por ninguém menos que o grande Lasker! Grande abraço!

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Passaram cem anos antes que fosse anunciado a nova regra. Anderssen, o vencedor do primeiro Torneio Internacional, em Londres, 1851, disse: “Mova aquela peça que está na pior situação, a não ser que esteja convencido de que pode obter uma vantagem imediata com um ataque”. Podemos imaginar as razões dessa regra. Se você não pode levar a cabo com êxito um empreendimento ambicioso, basta pôr sua casa em ordem e melhorar os seus pontos fracos. Na posição inicial, o peão do rei, o peão da dama, e os dois cavalos ocupam as posições mais fracas, porque são os que mais obstruem! É por isso que Anderssen diz para mover essas quatro peças de sua posição inicial. Mais tarde, na partida, a mesma regra se aplica uma e outra vez.

Transcorreram algumas décadas, os torneios se fizeram frequentes e os mestres, que se reuniam mais do que antes, desenvolveram uma “opinião pública”, que passou a ser regra: Evite o quanto possível, jogadas de peões na abertura. A desconfiança com relação as jogadas de peões estava fundamentada na experiência em torneios. Se alguém havia saído mal da abertura, quase sempre a causa era uma jogada de peão. A razão é que o tempo resulta tão valioso no Xadrez, como em qualquer outra parte. Existem jogadas de peão que são efetivas, por exemplo, aquelas que mantêm o controle de pontos importantes no centro do tabuleiro, o que liberam uma obstrução; mas há jogadas de peão que na realidade não são eficazes. Desconfie de uma jogada de peão, examine cuidadosamente e faça um balanço: este era o sentimento dos mestres, poucas décadas depois de 1851 e, com ligeiras modificações, este sentimento é todavia muito forte e parece que permanecerá inalterado.

A estes princípios, eu tenho adicionado uma lei: Ponha os cavalos em ação antes de mobilizar os bispos. A vantagem que se obtêm ao seguir essa lei não é tão grande, entretanto, podemos percebê-la claramente.

Por meio das regras, leis e princípios desse tipo, os jogadores de talento natural podem prescindir das compilações e sua memorização. Entretanto, as partidas que jogam serão analisadas, compiladas e memorizadas uma e outra vez, até que por fim, sem importar que se desviem das variantes do “livro”, terão que jogar contra eles mesmos, e, por isso, não poderão fazê-lo com êxito. Tudo isso mostra que ninguém pode escapar por completo da lamentável necessidade de compilar variantes e de examiná-las e memorizá-las. Portanto, é correto incluir uma dessas compilações, ainda que breve, num Manual de Xadrez.