Xadrez e sua Ousadia e Alegria.
Maria Emelianova/ FIDE World Cup - Round 1.

Xadrez e sua Ousadia e Alegria.

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Olá pessoal!

Para quem me acompanha aqui no blog e leu meu último artigo, percebeu que o tema base dele foi: motivação!

Pois bem, passado quase um mês voltei a jogar um torneio. E apesar do resultado em pontuação não ter sido o esperado, o nível apresentado nas partidas jogadas me deixou muito mais empolgado e feliz do que as jogadas no Aberto do Brasil de Mogi Guaçu.

Quanto ao tema motivação, novamente esteve presente durante todo o Torneio de Inverno que joguei entre os dias 20 a 23 de julho, na bela cidade de Caxambu, em Minas Gerais. Só que de forma divertida e leve, a cada dia que passava eu ia criando meios de ficar motivado e não deixar que os resultados negativos fossem destruindo o meu lado emocional. Abaixo compartilho com vocês em detalhes como lidei com os resultados negativos e desta forma saí do torneio mais motivado do que o iniciei.

Dia 20 – Primeira rodada.

A viagem para Caxambu é cansativa (quase 5h30), mas o charme de Minas compensa qualquer cansaço. E para contemplar este cansaço, na primeira rodada eu fui emparceirado contra a força 1 do torneio, o MI Diego Di Berardino. Qual a minha reação!? Dei uma boa gargalhada quando vi o emparceiramento e fui jogar. A partida foi abaixo do que esperava, já que logo na abertura em uma inversão de lances, eu me confundi e saí muito passivo, aí ao tentar forçar uma ruptura central, fui moído taticamente. Então o abandono para não sofrer foi a melhor solução encontrada.

Dia 21 – Segunda e terceira rodadas.

Um dos pontos turísticos de Caxambu é o Morro do Mirante, e você consegue acessá-lo via teleférico, só que o grande charme mesmo é madrugar e subir até o Cristo a pé, para ver o nascer do sol. E este ano eu e um amigo decidimos fazer esta aventura, e sem dúvidas este foi o primeiro passo para a minha empolgação e motivação voltar.

Arquivo pessoal. Morro do Cristo - Vista do nascer do sol.

Depois de ter curtido muito a natureza, parti jogar a segunda rodada, contra um piá que mesmo sem ter rating jogava muito bem. Novamente com as peças negras, joguei a minha francesinha (que me acompanha faz 18 anos), e após uma abertura um pouco duvidosa das brancas eu consegui encontrar a ideia de atacar. E assim entrei em um meio de jogo com vantagem e iniciativa, só que após alguns lances imprecisos, meu adversário ativou suas peças e no apuro de tempo, errei, levei um belo golpe e mais uma vez precisei abandonar. Abaixo a partida analisada.

Este foi o momento chave do torneio. Pois eu podia ter deixado a raiva tomar conta de mim, e com isto a chance de tudo virar uma bola de neve era grande. Mas não, eu respirei fundo, me recordei do quanto era preciso se divertir e apesar da derrota, eu havia voltado a jogar bem. Então na rodada da noite, com as peças brancas, consegui jogar as ideias planejadas antes de começar a partida, e no fim, o primeiro ponto veio.

Dia 22 – Quarta e quinta rodadas.

Para as rodadas deste dia eu tomei uma decisão que até hoje nunca havia tomado em um torneio, que foi a de que eu não iria mais ver o nome e rating dos meus adversários. Ia apenas curtir a cidade e na hora da rodada ir jogar. Quanto às aberturas, usaria as que tinham planejado jogar antes de viajar. No final do dia, o resultado foi de duas vitórias. Mas não pense que foram fáceis, pelo contrário, as duas partidas jogadas foram partidas que em muitos momentos a posição chegou a ficar totalmente igualada, mas que por descuido de meus adversários eu consegui converter as posições. Só que mesmo vencendo ambas as partidas, terminei o dia ciente de que final ainda é um ponto muito fraco em meu jogo, e que é preciso muito estudo e treino.

Dia 23 – sexta e sétima (última) rodadas.

Depois de um dia de vitórias, mantive a minha estratégia de não ver meus adversários. E par aminha surpresa na rodada da manhã eu enfrentava de brancas o MN Júlio Lapertosa, que no meu início com o xadrez foi a minha grande referencia enxadrística. Após uma abertura um pouco duvidosa da minha parte, eu me peguei algumas vezes me questionando sobre o quão ruim estava jogando, então em uma ida ao “toillet” eu disse para minha mente que de nada adiantaria ela tentar me fazer sentir culpa por não ter preparado, pois eu fiz o que eu realmente queria ter feito e estava me sentindo bem com isto, e que iria lutar para vencer. No fim, uma partida de 4h de duração, com um apuro de tempo bem tenso, com chance para ambos os lados. O resultado foi uma derrota dentro do tabuleiro, mas uma vitória tremenda fora dele contra mim mesmo.

Para fechar o torneio, um amigo como adversário, tudo que eu não queria. Mas bem, após acertar uma preparação, e sair com uma vantagem gigantesca da abertura, eu precisava arrematar a partida. E mesmo acertando os lances, meu adversário ia se defendendo como podia, e desta forma era sempre preciso encontrar um lance a mais. Isso de certa forma foi me irritando, e em certo momento quando pensei que qualquer lance ganhava, eu erro, e permito que ele consiga uma complicar a partida. Depois de respirar, novamente consigo uma posição vantajosa, mas com quase 40 minutos no relógio contra 1 minuto, eu me acomodo e permito que minha mão fale mais rápido que meu pensamento, e não vendo que estava em xeque, toco na Torre e faço um lance impossível, como era obrigatório a captura do Cavalo entregando ela, eu decido por abandonar a partida e parabenizar meu adversário pela garra demonstrada durante toda a partida. Antes de compartilhar a partida dois pontos importantes.

Considerações Finais.

1º Ponto.

Nós seres humanos somos extremamente competitivos, então quando não conseguimos o resultado que planejamos, é comum ficarmos frustrados (e eu realmente fiquei neste torneio), mas é preciso olhar para ambos os lados, e eu escolhi olhar para o nível das partidas que joguei. Que foi muito superior ao torneio anterior.

2º Ponto.

Continuando na pegada da competição, na maioria das vezes quando viajamos para um torneio, o nosso foco fica 100% voltado para o torneio, preparações etc. Não esta errada esta atitude, mas é preciso também nos divertir. Então se até hoje  você nunca buscou conciliar um passeio durante o torneio, faça esta experiencia no próximo torneio que for jogar. E verifica se isto terá algum impacto em seu resultado final. Comigo eu já percebi, que quanto mais eu me divirto e busco conhecer novos lugares nas viagens, melhor tem sido meus resultados.

É isso pessoal! Agora a partida. Bom estudo e belo divertimento!

Olá pessoal!

Depois de muito relutar, decidi criar o meu blog chamado: Xadrez com Novais. 

Sou Professor de Xadrez. Terapeuta Holístico. Idealizador do Projeto: Xadrez com Novais. Colunista da Revista Xadrez Bem Brasileiro e Diretor do Clube de Xadrez de Mogi Mirim (CXMM).

Sobre o blog, já adianto que o objetivo dele não é transformar ninguém em GM, mas sim compartilhar um pouco sobre a minha trajetória no jogo,

Abaixo segue alguns dos temas que você irá encontrar aqui:

  1. O que fiz para burlar a minha preguiça em estudar abertura e desta forma comecei a criar posições onde tinha iniciativa;
  2. Como transformei a resolução de tática em uma tremenda brincadeira, e desta forma comecei a ganhar mais partidas;
  3. Qual foi o método que utilizei para selecionar os jogadores referencia para estudo; e
  4. O que fiz para trabalhar com o meu emocional/psicológico que me bloqueava muito e fez-me entrar em uma crise, que apelidei carinhosamente de: jogar bem e não vencer um jogador acima de 2000 de rating FIDE.

É isso! Espero que cada leitura lhe ajude a evoluir e aumentar um pouco mais o seu rating.

Bom estudo e um belo divertimento!