Minha jornada no xadrez
Vou começar o blog contando a minha história no xadrez, não há nada de incrível nela, aliás, diversos enxadristas devem se identificar com a minha história.
Quem me ensinou a jogar foram os meus tios. Lembro que sempre que eu ia dormir na casa deles, eu jogava uma partida com eles ou com um dos meus primos. Na época eu desconhecia o rating, aberturas, táticas, a única coisa que importava era a vitória ou derrota ao final do jogo. Lembro de jogar a4 seguido de Ta3, para poder colocar a torre em jogo o mais rápido possível. Com base nessa estratégia eu não preciso dizer que nem eu, nem meus primos e nem meus tios éramos grandes enxadristas.
Depois a vida aconteceu. Dormir na casa dos tios já não era mais legal, só queria saber de dormir na casa de amigos. Os estudos começaram a ocupar boa parte do meu tempo e jogar bola e videogame ocupavam todo o resto dele. O xadrez acabou ficando em vigésimo sétimo plano.
Foi apenas em 2011, já com 21 anos, que eu voltei a esse jogo que eu guardo tantas memórias da minha infância. Lembro de pegar o filme pela metade. (acreditem jovens, isso acontecia. Não é como hoje em dia que temos streaming e podemos começar um filme a hora que quisermos). O filme em questão era “Lances Inocentes”, e não, não é um pornô. Em inglês o filme se chama “Searching for Bobby Fisher” e a história não tem nada a ver com o Bobby Fisher, mas conta a história de um garoto prodígio no xadrez e como ele enfrenta as pressões dos torneios, do seu pai e do seu treinador.
Esse filme reacendeu a chama do xadrez que estava apagada dentro de mim. Achei o Chess.com e voltei a jogar, não mais com meus tios e primos, mas com pessoas do mundo inteiro. Lembro de ter conseguido alcançar os 1300 de rating, de ter ganhado de um adversário de 1700 em uma partida, entendi que a4 seguido de Ta3 eram movimentos ruins e o melhor era concentrar as peças no centro do tabuleiro. Entrei no mundo do xadrez fora dos tabuleiros também, conheci quem era o Bobby Fisher, o Kasparov, Capablanca, Tal, Carlsen e tantos outros. Escutei entrevistas, vi documentários, assisti filmes e consumia tudo que eu encontrava na frente sobre o assunto.
Essa chama nunca mais se apagou, mas ela acaba diminuindo ou aumentando de vez em quando. Existem épocas em que eu jogo centenas de partidas, mas também posso ficar meses sem ver um tabuleiro de xadrez. Meu rating caiu e acabou matando uma curiosidade que eu sempre tive, é possível piorar no xadrez? Sim, é possível, assim como qualquer esporte, se você parar de praticar, acaba piorando. Meu rating caiu para quase 900.
Foi assim até 2020. Pandemia. Covid. Xadrez.
Assim como milhões de pessoas, eu também assisti o Gambito da Rainha na Netflix. E assim como milhões de pessoas, eu também voltei a jogar xadrez nessa época. A pandemia e o isolamento social me trouxeram muitas tristezas, o xadrez esteve lá como um escape para essa época tão sombria da nossa história.
De 2020 para cá eu estou jogando constantemente, mas mais como um passatempo apenas para me distrair de vez em quando. Jogava principalmente partidas diárias (por correspondência), gosto de entrar, analisar o tabuleiro, fazer a jogada que eu julgava a melhor e sair para fazer outra coisa.
Mas eu não sentia que estava melhorando jogando dessa forma. Continuava nos 900-1000 de rating e estava tudo bem, eu estava me divertindo e era o que importava. Foi só de um mês para cá que a vontade de voltar aos 1300, chegar aos 1400 e quem sabe aos 1500 começou a bater. Voltei a jogar partidas de 10 minutos, percebi que jogar partidas completas de uma vez te deixa mais imersivo dentro do jogo. Comecei a fazer puzzles e a assistir vídeos para ajudar. Consegui chegar aos 1100 (já é alguma coisa). Resolvi criar esse blog para vocês, e principalmente, eu mesmo, acompanhar a minha evolução (ou não).
Um abraço a todos e até a próxima.