
Quem foi o bambolê?
Fernando César Matsnaka, o bambolê, foi um médico emergencista, formado na Faculdade Estadual de Marília e posteriormente feito sua especialização em Porto Alegre. Faleceu em 2017 subitamente, de causas cardíacas, deixando família e amigos desamparados.
Foi um exímio jogador de xadrez e amante da arte de Caíssa. Ingressou na faculdade no ano de 2005, já sendo um jogador forte e logo garantiu sua vaga titular na equipe de xadrez. Era um jogador técnico-posicional, optando por linhas teóricas e finais.
Eu ingressei no ano de 2006, e desde o inicio fomos grandes amigos, ele me ajudou consideravelmente na melhora do meu jogo, me mostrando coisas que não entendia sobre teoria posicional estratégica de meio jogo, isso abriu minha mente sobre a complexidade do xadrez. Já no meu primeiro ano, montamos uma equipe pela cidade de Pederneiras SP para jogar os jogos Regionais e nos classificamos para os jogos abertos.
Curiosamente, ele caiu de turma, e acabamos nos formando juntos em 2011, podendo compartilhar mais um ano de tabuleiro em equipe. Jogamos em várias cidades do estado pela faculdade e também torneios da federação, e conseguimos ser campeões 2 vezes da Intermed SP no quinto e sexto anos, com vitórias brilhantes em cima de USP, Paulista, Santa Casa e Unicamp. Acho que isso se deu devido ao amadurecimento da equipe ao longo do tempo, junto com o Azinho e Sabão formando uma equipe bem sólida, amiga e duradoura.
Em seu repertório de brancas era um jogador de e4, e de negras jogava e5 e a ortodoxa contra d4. Foi um jogador muito ativo na internet, na época no ICC, com um apelido bem peculiar : caparubra, uma referência clara a José Raul Capablanca e a cor de nossa escola que é vermelha, também jogamos usando uma capa vermelha no sexto ano para jogar, isso faz muito sentido. Tinha seu repertório salvo em banco de dados do chessbase, muito bem organizado.
Como equipe, sempre jogava de negras, era sólido e imbatível, nenhuma derrota em jogos oficiais, além disso era o capitão da equipe e tabuleiro 1, puxava a equipe como uma locomotiva. Conhecido e respeitado pelos seus adversários.
Aqui acredito uma de suas partidas blitz memoráveis que achei na internet. Contra o GM Emmanuel Bricard da França, as vésperas do último torneio juntos por equipe.
Uma vitória avassaladora.
Infelizmente perdemos um ótimo enxadrista, um ótimo amigo, e um ótimo médico, que faz falta para nós e para os pacientes. Saudades do nosso bambolis.
Algumas fotos do nosso último torneio juntos por equipe em 2011.