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Federação Russa de Xadrez solicita mudança para Ásia à medida que a relação com a Europa se complica
Andrey Filatov, presidente da Federação Russa de Xadrez. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Federação Russa de Xadrez solicita mudança para Ásia à medida que a relação com a Europa se complica

Leon_Watson
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Foi revelado, no dia 31 de janeiro, que a poderosa Federação Russa de Xadrez (RCF), a maior do mundo, deu um passo histórico ao solicitar formalmente a mudança da União Europeia de Xadrez (ECU) para a Federação Asiática de Xadrez (ACF).

No mais recente acontecimento que expôs a profunda divisão no mundo do xadrez sobre a guerra na Ucrânia, os representantes da ECU informam que a Federação Russa ​​deve renunciar formalmente à sua filiação à ECU antes que seu pedido seja aceito pela ACF.

A ECU disse que espera que o pedido da Federação Russa seja confirmado na próxima Assembleia Geral da ACF, que será realizada entre 26 de fevereiro e 3 de março.

Uma organização política?

A ECU confirmou que considera a Federação Russa, que tem mais de 35.000 jogadores de xadrez e 200 grandes mestres, uma organização "exposta politicamente". A ECU reiterou que condena a inclusão da Federação de Xadrez da Crimeia na estrutura oficial da Federação Russa. A adesão da RCF à ECU está suspensa desde março do ano passado.

A declaração da ECU diz: "A ECU assumiu uma posição clara, expressando sua preocupação com a presença de membros do alto escalão do Conselho de Segurança da Rússia, incluindo o Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o secretário de imprensa do presidente russo, Dmitry Peskov, na estrutura constitucional da Federação Russa (seu Conselho de Curadores)."

"Isso torna a Federação Russa, como organização esportiva, não apenas politicamente vulnerável, mas também exposta às consequências da guerra. Acreditamos firmemente que, neste momento crítico, pelo bem da paz e da segurança na Europa, cada federação deve proteger a sua independência como uma organização desportiva".

Os membros da ECU foram informados da decisão da Rússia em sua Assembléia Geral em julho. No vídeo, você encontra uma gravação dessa discussão (3 horas e 2 minutos de reunião):

Após a reação da comunidade de xadrez à invasão da Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado, as federações de xadrez tiveram que agir.

A FIDE, a organização mundial de xadrez liderada pela Rússia, inicialmente tirou Moscou da Olimpíada de Xadrez, que aconteceria em julho passado. Chennai acabou substituindo Moscou como sede do evento. Então, três dias depois que os tanques russos invadiram a Ucrânia, a FIDE tomou a importante decisão de banir efetivamente a Rússia e sua vizinha Bielorrússia do xadrez.

Suspensão da Bielorrússia e da Rússia

Esses dois países estão proibidos de realizar competições e torneios oficiais de xadrez da FIDE. Os jogadores de xadrez da Rússia e da Bielorrússia também não podem jogar sob a bandeira nacional nos torneios válidos para rating FIDE. A FIDE também prometeu rescindir todos os acordos de patrocínio com empresas da Rússia e da Bielorrússia que estão sob sanções ou controladas pelo estado.

Ao fazer isso, a FIDE seguiu algumas das recomendações do Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual a FIDE é membro. (Mas a FIDE não seguiu a recomendação de banir jogadores da Bielorrússia e da Rússia de competições internacionais.)

Em 3 de março, a ECU também tomou suas decisões, suspendendo a adesão das federações da Rússia e da Bielorrússia em uma reunião extraordinária do seu conselho. No entanto, o Conselho da ECU não aceitou uma proposta da Federação Ucraniana de Xadrez para expulsar a Federação Russa. A Rússia e a Bielorrússia continuam suspensas.

Desde então, a ECU oferece apoio aos jogadores ucranianos afetados pela guerra e aos russos que solicitaram jogar sob a bandeira da FIDE, transferidos para outras federações europeias ou se mudaram para a Europa.

A ECU acrescentou: "Embora a ECU reconheça a grande história e contribuição do xadrez russo, a invasão e a guerra na Ucrânia obrigaram o COI e as federações esportivas internacionais a tomar decisões difíceis e assumir uma postura firme. O COI afirmou muitas vezes que punir atletas individuais não é o objetivo das sanções. Portanto, a ECU estava entre as federações que permitiram, a partir de março de 2022, a participação de atletas individuais em caráter neutro, nas condições estabelecidas pelo conselho e aprovadas pela assembleia geral da ECU. Isso se aplica em particular aos jogadores que não agiram contra a missão de paz do esporte."

"Alguns enxadristas, que são residentes permanentes na Europa, costumavam jogar sob a bandeira russa, mas mudaram para a bandeira da FIDE de acordo com um procedimento especial fornecido por esta organização. A transição da Federação Russa para a Ásia criará muitas dificuldades para esses enxadristas. Para apoiá-los, a ECU concorda em admitir aqueles enxadristas que decidirem permanecer na família do xadrez europeu, para participar de futuros Campeonatos Europeus sob um status especial a ser acordado com a FIDE."

A RCF acredita que a transição para a ACF será uma mera formalidade e não espera encontrar nenhuma oposição.

'Romper o bloqueio'

Em dezembro, o presidente reeleito da RCF, Andrey Filatov, disse em entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti: "Espero que nos tornemos a primeira federação a romper o bloqueio. A Rússia é forte no xadrez hoje."

Ele acrescentou: "Nós nos candidatamos e até agora as expectativas são positivas. Esperamos que a votação ocorra em breve. Ainda não vejo quaisquer obstáculos. A data da votação foi marcada, mas está mudando constantemente por motivos técnicos. Estamos esperando o primeiro trimestre de 2023, até agora todas as federações nos apoiam, e não conheço nenhuma que diga que não quer ver a Rússia na ACU."

Filatov é presidente da RCF desde 2014, quando substituiu Arkady Dvorkovich, atual presidente da FIDE. Dvorkovich é ex-vice-primeiro-ministro da Rússia e chefiou o comitê organizador da Copa do Mundo da FIFA de 2018 na Rússia.

A FIDE foi criticada recentemente quando se soube que o NIS, o "patrocinador geral" da Olimpíada de Xadrez para Pessoas com Deficiência em Belgrado, Sérvia, estava ligado à gigante energética russa Gazprom.

É lamentável que a liderança da FIDE esteja usando um evento tão grande como a 1ª Olimpíada de Xadrez para Pessoas com Deficiência para descaradamente receber novamente o dinheiro controlado pela Rússia. O patrocinador geral do evento, NIS, é 55% controlado pela Gazprom e sua subsidiária Gazprom Neft.

A FIDE escreveu que este torneio será "um marco importante para o desenvolvimento da comunidade de xadrez, o maior torneio de xadrez para pessoas com deficiência".

No dia 31 de janeiro, soube-se do bombardeio de um clube de xadrez na Ucrânia. O GM Sulypa Oleksandr, técnico da Ucrânia, twittou que o clube de xadrez de Kherson, uma cidade ucraniana recentemente libertada pelas forças armadas ucranianas, foi alvejado por forças russas.

No início da guerra, o grande mestre de xadrez e capitão da equipe ucraniana, Oleksandr Sulypa, postou esta foto com a legenda: "Estou defendendo minha terra de inimigos e 'soldados da paz'. A verdade vencerá!"

O grande mestre de 51 anos, que ficou famoso por ser retratado segurando uma arma em defesa de seu país durante os primeiros dias da guerra, postou imagens mostrando os danos.

Hoje, terroristas russos dispararam contra o clube de xadrez Kherson na Ucrânia, um monumento arquitetônico. Política fora do esporte?

O Chess.com não tem como verificar de forma independente as alegações do GM Oleksandr, mas entrou em contato com ele para comentar.

A ECU, fundada em 1985, é uma associação independente que representa 54 federações nacionais. Organiza cerca de 20 eventos por ano, incluindo a Taça Europeia de Clubes e o Campeonato Europeu Individual.

O Chess.com também entrou em contato com a RCF e a ACF para comentar.

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Leon Watson

Leon is an award-winning former national newspaper journalist now working for Chess.com, having previously been chess24 and Chessable. His main mission is to spread the word about chess, but he is also a keen league player and secretary of Battersea Chess Club in London. In his previous career as a reporter/editor, Leon worked for The Telegraph, The Daily Mail, and The Sun, breaking many chess stories as well as writing general news and features. As an ex-hack, Leon is still always on the hunt for a good chess tale.


Contact him at leon.watson@chess.com.

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