A matemática e o xadrez - 1 - Lances irracionais

A matemática e o xadrez - 1 - Lances irracionais

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Salve, salve enxadrista! Principalmente se você frequenta a biblioteca! 

Nesse artigo vou iniciar uma série de reflexões sobre uma disciplina que frequentemente apresenta relações com o xadrez, a matemática! 

Reza a lenda sobre a origem deste esporte que uma progressão geométrica serviu como prêmio para o seu inventor e causou estragos na contabilidade do reino que ele vivia. Você pode checar em https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/progressao-geometrica-pg.htm e https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_xadrez e então confirmar a minha afirmação. Mas pense comigo, se desde o início a matemática já estava ali, a partir de agora qualquer relação é mera coincidência! 

Vou trazer uma posição e lhes fazer uma pergunta: 

As negras têm vantagem de peões nesse final e estão mais próximas de uma eventual coroação do que as brancas. Que estratégia você usaria para vencer essa posição?

Repare que tudo indica que as negras promovem primeiro, mas o melhor lance da posição contradiz as nossas expectativas normais de xadrez. Por isso, vou colocá-lo numa perspectiva do conjunto dos lances irracionais, parafraseando a matemática que, num de seus conteúdos aborda o conjunto dos números irracionais.

Para não perder a credibilidade com você, meu caro leitor, trago a análise que o engine fez para a partida: 
Acervo pessoal, imagem sem inserção de luz, lances marcados estavam em verde na tela.

Não entendeu o porquê da referência à cor verde? Veja mais no link https://www.chess.com/pt-BR/blog/Alexandre_Herzog/jogo-pratico-conducao-de-uma-partida-parte-3, 16º parágrafo. É uma explicação sobre como a engine do chess.com avalia os lances das partidas de xadrez.
Talvez você esteja se perguntando como eu calculei isso... Quem lê meus artigos aqui sabe que eu mal calculo as compras do mês... Simplesmente me veio na mente a intuição, premonição ou outra coisa me dizendo que avançar o peão à casa f4 resolvia, simples assim. Na verdade, eu imaginava que a ação do oponente fosse trocar os peões e eu tinha a intenção de recapturar com a torre. Em nenhum momento vi que o rei poderia capturar a minha última peça, mas a partir disso, consegui ver que ele estava longe do meu peão e o avancei convicto da promoção, depois foi só administrar. 
Na sequência, eu lhes trago uma partida do inesquecível incendiário ucraniano Vassily Ivanchuck, o "Chuck Norris" do xadrez, o único homem temido pelo Kasparov e também o único enxadrista que definitivamente não é preso a nenhuma regra do jogo. Digo isso, por que seus pensamentos parecem nascer diretamente da matriz do conjunto dos lances irracionais e quando sua mão move uma peça pode-se saber que algo extraordinário e incompreensível poderá aparecer. 

Veja a partida comentada aqui, com mais calma e possibilidades:

E aí, o que achou? Você manterá a ordem natural dos seus lances ou vai começar a se embrenhar na escuridão do bosque dos lances irracionais?  Manter a ordem geralmente garante jogos mais sólidos e que em algum momento culminam em vitória ou empate, mas e esses lances mirabolantes do Ivanchuck?! E aquele meu momento stockfish?! 
Aposto que depois dessa divertida reflexão, você pensará uma vez mais no imponderável antes de executar uma jogada. Será?
Bons Estudos!
#movam_seus_peões!