Talento vs Trabalho Duro
“O trabalho duro vence o talento quando o talento não trabalha duro”
- Tim Notke.
Oi pessoal, tudo bem com vocês? Se a resposta for negativa, fique calmo e sempre dê seu melhor que a situação vai se ajeitando aos poucos.
Antes de começarmos, gostaria de dizer que esse artigo é o primeiro de um total de três. Então, têm mais dois artigos por vir que vão complementar esse (obs: essa é a minha primeira série de artigos).
Esclarecidas as circunstâncias, vamos lá!
Vocês já viram alguém executar com facilidade uma tarefa, quando você, por sua vez, encontrou dificuldades para fazer o mesmo?
Consideremos três hipóteses:
- talvez a pessoa fosse mais experiente que você com aquele tipo de tarefa, ou,
- talvez, vocês tenham aprendido no mesmo momento como resolvê-la, na sala de aula da escola, por exemplo. Seu colega simplesmente só teve mais facilidade do que você com aquela tarefa. Ou, ainda,
- talvez você seja a criança que conseguia concluir a tarefa com facilidade enquanto seu colega foi aquele que encontrou problemas em entender sua resolução.
Considerando os exemplos “ii” e “iii” acima, não é incomum as pessoas dizerem que alguns de nós nascem com alguma coisa “a mais”, alguma coisa chamada talento!
O dicionário online de português define talento como “aptidão incomum que, natural ou adquirida, leva alguém a fazer alguma coisa com maestria”.
É fácil constatar no xadrez indivíduos talentosos, “que têm jeito” para o esporte. Ora, hoje em dia, com o aumento populacional, fácil acesso a informação (via internet, por exemplo), e a popularização do jogo, nós vemos cada vez mais Grandes Mestres muito jovens.
Até 2001, existia apenas um jogador que havia conseguido o título de Grande Mestre antes de atingir 14 anos, o GM chinês Bu Xiangzhi. Atualmente, no finalzinho de 2020, Bu figura na décima colocação dos Grandes Mestres mais jovens da história.
Mas é isso? Algumas pessoas nascem com sorte e outras não?
Bem, nós vivemos em um mundo competitivo, onde constantemente temos que nos comparar uns com os outros. Isso é reflexo do modelo econômico vigente: o capitalismo. Se pensarmos ainda mais a fundo, pode ser até mesmo que essa competição seja inerente a natureza humana.
Nessa linha de raciocínio, se você tem que competir por uma vaga de emprego com uma pessoa talentosa, ou, considerando que você também tenha talento, com uma pessoa ainda mais talentosa do que você, você iria simplesmente desistir?
Ou, ainda, digamos que você esteja jogando um torneio de xadrez e seja emparceirando com um jovem Grande Mestre, um prodígio do xadrez. Você iria simplesmente balançar sua cabeça e pensar: “bem, foi o destino. Vou empurrar uma madeira e esperar pelo inevitável, a derrota”?
Bem, no passado alguns jogadores bastante talentosos se depararam com verdadeiras “muralhas”: jogadores dotados pela natureza de um talento extraordinário, superior a todos os demais. Contudo, ao invés de desistirem e culparem o destino, eles confiaram em uma arma que, sozinha, já é muito eficiente, porém, quando aliada com algum talento se torna mortal: o trabalho duro!
Um confronto que subsiste através dos séculos
Como evidência de que esse confronto entre trabalho duro + talento vs talento fora de série, vou destacar duas rivalidades especiais, ambas com um impacto enorme no mundo do xadrez.
A primeira foi entre José Raul Capablanca, o terceiro campeão mundial, e Alexander Alekhine, seu sucessor no trono. No meu próximo artigo, pretendo contar a vocês sobre a história desses dois lendários jogadores e apresentar alguns jogos e posições chaves de seus confrontos.
Infelizmente, o mundo do xadrez só pode testemunhar um match pelo Campeonato Mundial entre esses dois titãs, que ocorreu no ano de 1927.
Alguns fatos interessantes sobre Capablanca vs Alekhine:
- Capablanca e Alekhine se encontraram pela primeira vez no tabuleiro em 1913
- Seu último duelo ocorreu em 1938.
- Capablanca e Alekhine have se enfrentaram no tabuleiro em 49 jogos de controle clássico. O resultado final foi de 9 vitórias em favor de Capablanca contra 7 de Alekhine, com 33 empates.
O terceiro artigo vai ser devotado à outra ferrenha competição entre dois homens, uma que começou a quase meio século de quando a primeira havia terminado. Estou falando sobre a rivalidade de Anatoly Karpov, o 12º Campeão do Mundo, e seu sucessor, Garry Kasparov.
Contudo, ao contrário de seus acima mencionados predecessores, Karpov e Kasparov jogaram cinco matches sucessivos pela coroa! Os matches aconteceram em 1984/85, 1985, 1986, 1987 e 1990.
Alguns fatos interessantes sobre Karpov vs Kasparov:
- Karpov e Kasparov jogaram sua primeira partida um contra o outro em uma simultânea em 1975. Karpov, o então campeão mundial, contava com 24 anos à época, enquanto Kasparov, ainda uma criança, possuía apenas a metade da idade do campeão.
- O último jogo disputado em um evento oficial entre esses dois foi em 2009, quase um século depois do supracitado primeiro confronto entre Capablanca e Alekhine.
- Karpov e Kasparov se enfrentaram no tabuleiro em 170 jogos de controle clássico. O resultado final foi de 28 vitórias para Kasparov, contra 21 de Karpov, com 121 empates.
Estou estudando a fundo a coleção Xadrez Moderno e também o livro Meus Grandes Predecessores, Volume I, todos de autoria do 13º Campeão Mundial, Kasparov, para selecionar alguns jogos.
Dessa forma, pretendo compartilhar o melhor conteúdo com vocês segundo meu ponto de vista na segunda e terceira partes dessa série!
Obrigado por lerem até aqui.
Se você desejar, vai ser um prazer ler os seus pensamentos sobre o tema (talento vs trabalho duro). Ainda, se você tiver alguma observação a respeito desses grandes jogadores ou, mesmo alguma informação que você gostaria que fosse abordada nos artigos subsequentes, por favor, não hesite em comentar.
Desejo a todos boas festas!
BKB99